domingo, 4 de julho de 2010

Antígona


Eu sou Antígona, a mulher que enterrou o irmão com as próprias mãos.
Eu sou Antígona, essa mulher que aqui se apresenta com suas dores e utopias.
Eu sou Antígona, a mulher que fez justiça com as próprias mãos.
Meu irmão tinha o direito de ser enterrado.
Quem você pensa que é Creonte para tirar-me os meus?
Meu pai Obaluaê, me protege com seu manto.
Oxum, Ogum e Oxalá, e todos os orixás.
Ah meu pai, toma conta de mim, que com essa cólera sou capaz de ser pior que o inimigo.
Eu sou Antígona, a mulher que morreu virgem por não querer gozar com as injustiças da terra.
Me diz Creonte, é só aos ouvidos que minhas palavras te ferem ou é no íntimo da alma?
Eu confesso! Eu confesso o que fiz e grito pro mundo inteiro!
Eu sou a mulher do contra, a mulher da noite, a mulher da escuridão, a mulher de botas pretas, a mulher guerreira, a mulher irmã, a mulher que por ser mulher foi capaz de honrar o útero que carrega, diferente de você Creonte que denigre aquilo que carrega por entre as pernas.
Eu sou Antígona, fruto do seu governo, da sua insensatez, da sua desigualdade.
Eu sou Antígona...

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